Um problema de saúde pública
Janeiro de 2022, estudo feito pelo Trocando Fraldas com mais de 5.000 mulheres entre 11 e 19 de outubro de 2021: Todos os meses, o corpo da mulher se prepara para a gravidez, e quando esta não ocorre, o endométrio (membrana interna do útero) se desprende, gerando assim, a menstruação; que nada mais é do que descamação do endométrio. A menstruação faz parte do ciclo reprodutivo da mulher, e dura de 3 a 7 dias. E durante este período as mulheres podem sentir cólicas, dores no seios, inchaço e outros desconfortos.
Em algumas mulheres estes sintomas podem ser mais acentuados, com maior fluxo de sangue, atrapalhando assim, a sua qualidade de vida. E conforme constatamos em nosso mais recente estudo, 46% das brasileiras consideram que a menstruação impacta negativamente a participação social de meninas e mulheres. Principalmente as mulheres dos 18 aos 24 anos, com 49% das entrevistadas.
Você considera que a menstruação impacta negativamente
a participação social de meninas e mulheres?
Pobreza Menstrual
A primeira menstruação normalmente acontece por volta dos 12 anos, porém, em alguns casos ela pode acontecer antes ou depois dessa idade. Desde cedo, meninas e mulheres precisam aprender a lidar com ela. Porém, devido a desigualdade de classes presente no país, nem todas têm acesso a itens mínimos de higiene, para passar por este período.
Conforme demonstrou um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio, e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.
E com isso, surge a pobreza menstrual, que é caracterizada pela falta de acesso a recursos, infraestrutura e até conhecimento por parte de pessoas que menstruam, para cuidados envolvendo a própria menstruação. Esta situação de pobreza menstrual faz com que meninas e mulheres deixem de fazer muitas coisas do dia a dia, como por exemplo, ir à aula.
Você conhece meninas ou mulheres que deixam
de frequentar aula pela falta de absorventes?
- 44% das brasileiras conhecem meninas ou mulheres que deixam de frequentar a aula pela falta de absorventes.
- O Amapá é o estado em que mais pessoas conhecem meninas que deixam de frequentar a aula, com 61% das participantes.
- No Distrito Federal e no Rio de Janeiro, 45% e 43% respectivamente, sabem de meninas que não têm absorventes e por isso faltam à aula.
- Em São Paulo o percentual cai para 41%, e para 38% em Minas Gerais.
Saúde Pública
Uma pesquisa feita pela Johnson & Johnson Consumer Health, e os Institutos Kyra e Mosaiclab, em setembro de 2021, demonstra que 28% das mulheres de baixa renda são afetadas diretamente pela pobreza menstrual (cerca de 11,3 milhões de brasileiras) e 30% conhecem alguém que é afetada pelo problema.
A pesquisa verificou também que a pandemia da Covid piorou a situação. 29% das mulheres e meninas tiveram dificuldades financeiras nos últimos 12 meses (setembro de 2020 a setembro de 2021) para comprar produtos para menstruação e 21% têm dificuldade todos os meses.
Por todos esses motivos e conforme constatamos em nosso estudo, 86% das brasileiras concordam que os estados deveriam oferecer absorventes gratuitamente, para meninas e mulheres sem condições de comprar.
- O Amapá é o estado em que mais mulheres são a favor da distribuição de absorventes, com 96% das participantes.
- Em Minas Gerais e em São Paulo, 87% das entrevistadas são a favor. Já no Rio de Janeiro, o percentual é de 86%.
Índice de brasileiras que acham que os estados deveriam fornecer
absorventes, por estado
Ranking dos estados que brasileiras acreditam que a menstruação impacta negativamente a participação social
- 1.Tocantins
- 2.Sergipe
- 3.Ceará
- 4.Distrito Federal
- 5.Pará
- 6.Acre
- 7.Santa Catarina
- 8.Bahia
- 9.Minas Gerais
- 10.Pernambuco
- 11.Amazonas
- 12.Rio de Janeiro
- 13.Goiás
- 14.Paraíba
- 15.Rio Grande do Norte
- 16.Piauí
- 17.Alagoas
- 18.Rondônia
- 19.São Paulo
- 20.Rio Grande do Sul
- 21.Roraima
- 22.Maranhão
- 23.Mato Grosso do Sul
- 24.Mato Grosso
- 25.Paraná
- 26.Espírito Santo
- 27.Amapá
Método de Pesquisa
O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 5.000 mulheres entre 11 e 19 de outubro de 2021. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.
As seguintes questões foram abordadas:
- 1. Você considera que a menstruação impacta negativamente a participação social de meninas e mulheres?
- 2. Você conhece meninas ou mulheres que deixam de frequentar aula pela falta de absorventes?
- 3. Você acha que absorventes devem ser fornecidos pelo estado a meninas e mulheres sem condições de comprar?
Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.